quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Tristeza que não sei explicar II...

Como citei o poeta Augusto dos Anjos, irei postar uma poesia dele que gosto muito!
Pessoal, isso é segredo, pois um “cabra macho” dizer que gosta de poesia aqui no nordeste é muito complicado!

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra! Augusto dos Anjos

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